O que são os Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos – CCCA e sua importância para a agricultura familiar camponesa (AFC) e para a agroecologia.
O que são os Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos – CCCA e sua importância para a agricultura familiar camponesa (AFC) e para a agroecologia.

Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos – CCCA

Por Carolina Couto Waltrich, técnica do Centro Vianei de Educação Popular.

Circuitos curtos de comercialização de alimentos, são um tipo de sistema de comercialização que elimina os intermediários da cadeia de abastecimento alimentar. Esses sistemas, que visam a sustentabilidade dos modelos de negócios da agricultura familiar camponesa (AFC), fornecem produtos frescos, seguros e nutritivos diretamente dos produtores aos consumidores, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa proveniente do transporte, assim como, reduz o tempo de armazenamento. Esse tipo de sistema de comercialização pode melhorar a qualidade dos alimentos, reduzir os custos de transporte, aumentar os retornos para os produtores e dar aos consumidores acesso a alimentos frescos e saudáveis. Além disso, os circuitos curtos de comercialização podem contribuir para o desenvolvimento local, ajudando a fortalecer as economias locais e regionais.

Circuitos curtos de comercialização têm se mostrado eficazes na construção social dos mercados. Como esses sistemas eliminam intermediários, as margens de lucro dos produtores aumentam, o que pode ajudar a aumentar seus rendimentos. Isso, por sua vez, pode levar a um aumento da produtividade e da qualidade dos produtos, o que os torna mais atraentes para os consumidores. Além disso, os circuitos curtos de comercialização podem contribuir para o desenvolvimento econômico local por meio de empregos, investimentos e infraestrutura. Por fim, esses sistemas podem ajudar a promover laços sociais entre agricultores, consumidores e outros membros da comunidade.

Não há um limite específico para a distância entre produtores e consumidores em um circuito curto de comercialização. No entanto, geralmente se considera que esses circuitos são aqueles em que a distância entre produtores e consumidores é de até 150 km. Além disso, esses sistemas geralmente são caracterizados por serem mais diretos do que os sistemas de comercialização tradicionais, eliminando intermediários como supermercados, distribuidores e armazéns.

Circuitos curtos de comercialização têm sido vistos como uma forma de promover a segurança alimentar e nutricional. Esses sistemas podem ajudar a aumentar o acesso de consumidores a alimentos frescos e nutritivos, abastecendo mercados locais com produtos de qualidade. Por fim, as políticas públicas podem apoiar esses sistemas, por meio de subsídios, incentivos fiscais e financiamento, para ajudar a promover a segurança alimentar e nutricional, particularmente em comunidades de baixa renda.

Existem várias maneiras de organizar circuitos curtos de comercialização de alimentos. Algumas das principais modalidades na venda direta incluem a venda através de grupos de compra coletiva, lojas de associações de produtores, BOX nos Mercados Públicos, venda a grupos de consumidores organizados, venda para o governo através de políticas públicas, venda na beira de estrada, entrega de cestas de alimentos em domicílio, dentre outras. Cada modalidade tem seus próprios benefícios e desafios, e é importante que os produtores e consumidores se envolvam na escolha da modalidade que melhor corresponda às suas necessidades. O CCCA permite que a agricultura familiar, principalmente a agroecologia, possa evidenciar a importância da remuneração dos agricultores e agricultoras pelos seus serviços ecossistêmicos,  aproximação entre o campo e a cidade, a preservação da cultura alimentar, o acesso a alimentos regionais e frescos, nos revelando a circulação de valores que vão muito além do monetário.

 

Fontes de pesquisa: 

DAROLT, M. R. Conexão ecológica: novas relações entre agricultores e consumidores. Londrina: IAPAR, 2012.

MUÑOZ, E. F. P. Mercados das agriculturas familiares e camponesas: uma análise institucional comparada entre o Brasil e o Chile. 2019. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) – Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.